domingo, 9 de outubro de 2011

a história de Asia Bibi


Asia Bibi é o nome de uma jovem cristã paquistanesa que está condenada à morte por ter bebido água de um poço. Será possível? É possível e foi isso mesmo que aconteceu, Asia bebeu água de um poço e não podia porque era cristã.

Numa manhã de trabalho na província do Punjabe, Paquistão, várias mulheres apanham bagas no campo. Uma delas é cristã e chama-se Asia Bibi, e as outras mulheres são muçulmanas. Asia recebe um salário menor do que as muçulmanas, mas não estranha isso nem protesta, é uma prática normal naquela zona do mundo e ela está habituada. Ao meio-dia está um calor que chega aos 45º. Asia Bibi aproxima-se do poço e bebe umas canecas de água para recuperar forças. Uma das mulheres repara e diz alto para as outras:

- Oiçam todas, esta cristã conspurcou a água do poço ao beber pelo nosso copo, e ao mergulhá-lo na água por diversas vezes. Agora a água está impura! Já não a podemos beber, por causa dela!

Asia, sentindo-se injustiçada, respondeu:
- Penso que Jesus teria um ponto de vista diferente do de Maomé sobre o caso.

Estas palavras incendiaram uma discussão enorme, em que as outras mulheres foram ficando mais violentas e Asia, sozinha, foi resistindo às agressões com valentia. O relato dos acontecimentos não menciona aquele episódio de Jesus no poço com a samaritana (Jo 4, 4-30), mas é impossível não o recordarmos ao lê-lo.

No Paquistão há uma "lei da blasfémia", que desde 1986 já terá feito mais de 700 presos, alguns deles condenados à morte. Asia Bibi foi acusada em tribunal por ter blasfemado contra o Islão, e em consequência foi condenada à morte por enforcamento em Novembro de 2010. O Ministro Paquistanês das Minorias Shahbaz Bhatti (cristão católico) e o Governador do Punjabe Salmaan Taseer (muçulmano) apoiaram-na, mas por isso mesmo e por se oporem à lei da blasfémia, foram assassinados por radicais. Também o Papa Bento XVI a apoiou publicamente e rezou por Asia.


Dois anos depois de estar encarcerada numa prisão sem condições nenhumas de higiene, Asia continua à espera do dia em que será assassinada pela lei, pelos guardas inimigos, ou pelas outras prisioneiras. Só pode ver o marido e o advogado, mas não tem o direito de ver os seus 5 filhos. Como não sabe ler nem escrever, Asia teve a ajuda da jornalista Anne-Isabel Tollet para escrever este livro, contando-lhe tudo através do seu marido.

Este livro, Blasfémia, pode ser encontrado nas principais livrarias e custa apenas 11 euros. Muito fácil de se ler, embora de digestão complicada pela crueldade dos assuntos, e ainda por cima estamos a contribuir para as obras da Fundação AIS - Ajuda à Igreja que Sofre.

O livro "Blasfémia" termina assim com um apelo de Asia Bibi:

Agora que me conheceis, contai à vossa volta o que me aconteceu. Fazei com que se saiba. Creio que é a única maneira de eu não morrer no fundo desta prisão.
Preciso de vós!
Salvai-me!

Prisão de Sheikhupura
Abril de 2011

Contemos à nossa volta o que aconteceu a Asia Bibi, ao Ministro das Minorias, ao Governador do Punjabe, e o que se passa no Paquistão. É a única forma que temos de fazer a diferença.

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