quinta-feira, 9 de junho de 2011

a brasileira da campanha do PSD



Alessandra Augusta é esta mulher que vemos na fotografia. É brasileira e foi contratada pelo PSD para fazer esta última campanha eleitoral. Antes disso, tinha feito algumas eleições locais no Brasil. Alessandra foi atacada por todos os lados, mas continuou discretamente o seu trabalho. Alguns dos ataques até vieram de dentro, de consultores nitidamente aborrecidos por não estarem no seu lugar. Coisa feia, e o algodão não engana.

Hoje, a responsável pelo marketing da campanha do PSD vem dar uma entrevista ao jornal Sol, de onde tiro apenas esta sua resposta:

Tentou modelar Passos Coelho?

Não. O que se fez foi potenciar o que ele tinha de bom. O mais interessante desta campanha é que o ‘não-marketing’ foi o grande marketing. Não trabalhámos Passos Coelho e deixámo-lo o mais natural possível. Porque é um candidato consistente, ainda que pouco conhecido. Mas, ao mesmo tempo, tínhamos outros dois candidatos, Sócrates e Portas, que eram excessivamente marketing. Eram sound-bytes demais. Essa autenticidade de Passos Coelho foi uma mais-valia. É uma circunstância positiva: tínhamos um candidato com conteúdo, com histórico, que sabia como falar com as pessoas, principalmente na rua, com um discurso próprio e formatado. Foi muito mais ele a contribuir para que nós só déssemos forma às coisas do que o marketing a interferir directamente. Se Passos Coelho tivesse um perfil mais artificial não teria avançado tão rapidamente.


A entrevista completa pode ser lida aqui. Quero apenas deixar um contraste entre o que Alessandra disse hoje (dia 9 de Junho) e o que "A Conspiração das Teorias" foi avançando ao longo da campanha.
  • No dia 15 de Maio escrevi:

    "Passos Coelho também tem feito vários erros de comunicação e imagem. Mas estes erros não o têm afectado tanto como a Sócrates. A diferença entre Passos Coelho e Sócrates, neste aspecto, é que Passos Coelho tem errado dentro da sua genuinidade, o que a gente desculpa e até compreende. Já Sócrates parte numa situação mais delicada, pois representa neste momento um personagem que não é ele próprio e, sempre que erra, essa incoerência salta à vista. A grande comodidade de Passos Coelho em relação a Sócrates e a Portas é que a personagem que encarna ainda não saiu de dentro de si. E para se aguentar assim, Passos Coelho terá de cultivar a humildade.
    "


  • No dia 3 de Junho escrevi nos comentários que se seguiram ao postal:

    "Claro que houve erros, há sempre, mas não houve erros grosseiros. Por outro lado, também não podemos dizer que a campanha do PSD tenha tido grandes rasgos de criatividade. Não arriscaram, jogaram pelo seguro e tentaram manter a autenticidade do candidato: muito dialogante e explicativo."

    e

    "As qualidades pessoais de Passos Coelho (mais que as propostas políticas) permitiram-lhe ser a solução do "bom senso" para os problemas que os portugueses atravessam. A realidade e o bom senso em contraste com os líderes dos partidos que podem disputar eleitorado com ele. Tanto Sócrates como Portas representam personagens que já há muito descolaram da realidade.
    "


  • E no dia 6 de Junho escrevi:

    "Pedro Passos Coelho conquistou o voto pela personalidade simpática e autêntica, e por isso confiável."

Lendo o que está para trás vejo que este postal corre o risco de ser entendido como um auto-elogio, o que não quero de maneira alguma. Não é isso que está em questão. O que quero dizer é que não há campanhas perfeitas, mas esta campanha do PSD foi bem dirigida. Foi uma campanha muito conservadora e sem grandes rasgos de criatividade, mas também sem grandes erros.

Outra coisa que quero deixar clara é que não concordo com a utilização da palavra "marketing" em campanhas eleitorais. Não gosto. Trata os políticos como se fossem produtos, as pessoas como se fossem consumidores, e os votos como se fossem o dinheiro que paga o consumo. Prefiro usar um termo mais humano e abrangente: comunicação. Mas isto é apenas um à-parte.

No fim de contas, Alessandra mais que cumpriu com os objectivos da campanha. Atribui com humildade o mérito da vitória a quem de direito, que é Passos Coelho. Calou os seus críticos. E volta para casa com uma grande vitória eleitoral no seu curriculum.

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