terça-feira, 13 de janeiro de 2009

vox populi - I

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Chamo-me Zé da Glória. Não tenho casa, ou por outra, a minha casa é a rua e a rua a minha casa. É verdade, hoje em dia sou um mendigo desabrigado. Durmo por cima de um esgoto, e já nem me importo com o cheiro... quero é aproveitar aqueles vapores quentinhos para temperar o frio que a noite traz.
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Mas nem sempre fui assim. Já tive mulher, 3 filhos, casa, carro, cão, era engenheiro e patrão de mim próprio... pá, tudo aquilo que uma pessoa normal luta por ter.
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Uff.
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Só que houve um dia que ia de fim-de-semana com a minha família, para a nossa casa de férias, e... eu, que ia a conduzir, distraí-me e tive um acidente. Tivemos...
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...
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... os meus queridos morreram todos, e só eu – triste destino – é que sobrevivi.
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Ah, rrr..., porquê, meu Deus?, porquê?! Este fardo é demasiado pesado para ser carregado por uma pessoa só...
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Desisti da vida que levava, claro, tudo me fazia lembrar a família perdida, esta que vos conto, esta que matei.
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A vida despiu-me. Estou sozinho, desabrigado, tenho frio. Só o esgoto me aquece o corpo. Só Deus me aquece o coração. Talvez um dia volte a erguer a minha vida, quando vencer o medo de falhar novamente. Tenho medo de cair.
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Agora que não tenho nada, sei que tenho tudo, pois tenho-te a Ti. Com a folha em branco, peço-te audácia para renascer.
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3 comentários:

joaquim disse...

Vou voltar, vou, sem dúvida!

Abraço amigo

António Vieira da Cruz disse...

Volta sempre, amigo Joaquim! Estás em casa.
Um abraço

Anónimo disse...

Descobri-o hoje quando pesquisava o porquê do posicionamento das mãos de Merkel, e de outras personalidades, nomeadamente, o cessante Procurador Geral da República.
Para já, gosto do seu "santo nome".
Se me permite, virei visitá-lo mais vezes.
E. I.