- E tu? - perguntou-me, pegando-me pelo braço. - Tu quê, meu velho?
- Eu, nada - respondi. - Eu, aqui, como tradutor na Unesco, em Paris.
Hesitou um momento, receoso de que aquilo que me ia dizer pudesse magoar-me. Era uma pergunta que, sem dúvida, estava havia tempo a queimar-lhe a língua.
- É isso que queres ser na vida? Nada mais que isso? Todos os que vêm para Paris aspiram a ser pintores, escritores, músicos, actores, encenadores de teatro, fazer um doutoramento ou a revolução. Tu só queres isso, viver em Paris? Nunca o engoli, velhote, confesso-te.
- Bem sei que não. Mas é a pura verdade, Paúl. Em miúdo, queria ser diplomata, mas era só com o fito de me mandarem para Paris. É isso que quero: viver aqui. Achas pouco?
in "Travesuras de la niña mala", de Mario Vargas Llosa
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2 comentários:
Continua!
Continua com a força de sempre, com a tua visão!
Continua porque todos temos muito que aprender contigo!
Abraço
Grande Luís, obrigado pelas tuas palavras, que são um forte incentivo para continuar a esforçar-me.
Quanto a aprender, ponham mas é os olhos neste grande LBM, que une a sabedoria à poética e à amizade, numa rara mas ganhadora combinação.
Um abraço
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